11º Dia: Linhas de Nazca…

Acordamos bem cedo para não perdermos tempo. Por volta de 8h já estávamos na estrada.

Estrada para Nazca.
Estrada para Nazca.
Arrumando as malas na caçamba.
Arrumando as malas na caçamba. O plástico é para proteger do pó do deserto.

O hotel em que dormimos ficava em uma pequena cidade (ou povoado) à beira da praia, inclusive o nome era “Vista Del Mar”. O mar mesmo quase não vimos, pois a neblina não deixava. Quando estávamos saindo, pedimos para a senhora que abriu o portão da garagem o favor de jogar um saco de lixo na lixeira. A resposta da mulher foi impressionante: “jogue na praia, tem lixo em toda a parte“. Ok! Deixamos o saco dentro do carro e seguimos pela praia, e não é que havia lixo em todo o canto mesmo? E a praia fedia muito, daqueles cheiros característicos onde se mistura o cheiro da água do mar com o lixo e esgoto. Vamos embora logo!

Aliás, a sujeira das praias peruanas é de se chamar a atenção. A grande maioria é extremamente mal cuidada. Parece que ensinam ao povo que o chão é a melhor lixeira. E isso se estende a trechos do deserto também. Há lugares onde se vê muitas sacolinhas de plástico cruzando a estrada e garrafas de plástico pelos cantos. Além do odor desagradável em trechos onde descarregam caminhões de lixo.

Outro lugar que chamou a atenção por este motivo foi Calama, no Chile. Em geral, o deserto chileno e as praias pareciam cuidadas, mas na estrada, já próximo à Calama, parece que fizeram um lixão totalmente aberto ao lado da estrada. Uma cena chocante, contrastando com o que havíamos visto até então.

Bom… nosso foco era chegar até Nazca, sobrevoar as linhas e depois dormir em Ica. No caminho fizemos uma pequena parada numa prainha. Não havia como não parar. Juntaram-se o sol… a praia ali, nem 50 metros ao lado da estrada… aquela areia clarinha… deserto… e a ondas do mar nos chamando… chuááá… chuááá… OK! Paramos, botamos o chinelo e corremos pra praia. É claro que só deu pra molhar os pés, mas já foi alguma coisa! Eta água gelada! Mas estava muito boa. Se tivéssemos tempo e o lugar fosse mais seguro, com certeza seria banho de corpo inteiro.

Muito bem, pés lavados, seguimos até Nazca. Ao chegar na cidade, a primeira coisa que nos chamou a atenção foi a quantidade de lava-rápidos e mecânicas de fundo de quintal. Percebia-se que alguns moradores abriam a garagem de casa e colocavam uma placa “LAVADERO” e pronto, já estavam ganhando um dinheirinho. Muitas pickups e carros off-road nessa região. No centro, muitos mototáxis, mas não daqueles que conhecemos bem no Brasil, mas sim daquelas motos “fechadas”, com duas rodas atrás e lugar para o motorista e mais dois (chegamos a ver até cinco em cima de uma! Além da carenagem e vidros do próprio veículo).

E as buzinas? Pense naquele trânsito que citamos em Arequipa e some esses mototáxis. Bi, bi, bi, biiiiii… afe. Estamos chegando em um cruzamento. A preferencial não é nossa. Uma fila de carros e mototáxis cruzando em nossa frente (na preferencial). Nós vamos dando aquela apertadinha pra ver se alguém dá uma brechinha. De repente o que ouvimos? O motorista de trás buzinando, é claro! O que ele faz? Acelera de uma vez pelo nosso lado e enfia o carro na pista fazendo todos pararem. Pronto, agora nós andamos, mas fazer isso nós não fazemos! Coisa de louco! rsrs…

Desculpem-nos os peruanos, mas a cidade de Nazca é feia e mal cuidada. Muitas lojinhas e serviços mantém-se fechados atrás de grades. Para nossa surpresa, a própria prefeitura diz para os turistas tomarem cuidado ao comprar pacotes de visitas aéreas às linhas pois podem ser assaltados. Então seguimos os conselhos e fomos direto ao aeroporto. Lá contratamos um voo direto com a empresa. Dica: se você for fazer esse sobrevoo, leve dólares para pagar. Eles jogam uma taxa de cambio lá no alto, quase duplicando o valor do passeio.

O avião é daqueles teco-teco, com 4 lugares, além do piloto e co-piloto. Conosco também foi um casal de italianos. Mulheres atrás, homens na frente. Cintos bem presos, pois o avião dá muitas voltas quase a 90º e vambora! Parecia um fuscão voador, mas foi legal. Uma a uma fomos sobrevoando as linhas de Nazca. Um passeio muito legal, mas que pode causar alguns enjoos devidos às diversas curvas e viradas do avião. Algumas linhas são facilmente vistas, outras nem tanto. O passeio dura cerca de 35 minutos no ar. No final da página, no mapa, além do trecho percorrido nas estradas, também o pode ser visto o trecho de avião (é preciso usar o zoom).

Pequeno aeroporto de onde saem os aviões para sobrevoar as linhas de Nazca.
Pequeno aeroporto de onde saem os aviões para sobrevoar as linhas de Nazca.
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Nosso piloto.
Linha de Nazca. O "astronauta".
Linhas de Nazca. O “astronauta”.
Linhas de Nazca. O pássaro.
Linhas de Nazca. O pássaro.
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Linhas de Nazca. A aranha.

Duas das figuras de Nazca podem ser visualizadas de um mirador na beira da Estrada Panamericana. Paramos para ver e seguimos para Ica.

Assim que chegamos em Ica, notamos uma quantidade enorme de “pollerias” (pollo = frango… lê-se “pojo” e “pojerias“). Paramos na mais bonitinha na beira da estrada. Bem simples e vazia, mas, assim que nos avistou, o dono correu para ligar a sua TV LCD de 42” no Discovery Channel. Pra ganhar a clientela! Pedimos “1/4 de pollo“. É engraçado mas é assim mesmo que se vende frango assado por aqui. Eles ainda perguntam qual parte preferimos, “piernas o alas?“… É claro que pedimos o peito! rs…Vem com uma salada temperada com limão, maionese e alguma coisa inidentificável, mais “papas fritas“. E, é claro, que uma Inca Kola pra acompanhar. Isso tudo (e a comida estava ótima) por apenas S./13,00 (cerca de R$11,00).

É impressionante como o trânsito consegue, cada vez mais, nos impressionar. O trânsito de Ica é formado por cerca de 50% de mototáxis (daqueles fechados que citei acima) e uns 30% de táxis (uns carros bem pequenos, pra enfiar em qualquer lugar). É uma loucura! Cruzamento movimentado. Semáforos abertos para os pedestres. Os segundos contando (a maioria dos sinais demonstra o tempo que falta pra abrir e fechar). Assim que a luz verde acende, é uma correria de mototaxistas e taxistas cruzando a pista de todos os lados. Não dá pra entender como ninguém bate em ninguém! O interessante é que os mototaxistas pareciam ter receio do nosso carro, por ser bem diferente dos demais. Era dar seta para o lado e já paravam para nos deixar passar. Diferentemente dos taxistas, que continuavam enfiando o carro (pequenos do jeito que são) em tudo quanto é canto. Como dissemos antes: uma loucura geral, e uma ótima terapia para aqueles estressadinhos do trânsito de São Paulo.

Conseguimos um hotel bem longe do centro. Amanhã pretendemos visitar alguma bodega de vinho e pisco pela manhã e seguir para Lima à tarde.

Pequeno "moto-táxi" em Ica.
Pequeno “moto-táxi” em Ica.

A rota de hoje:

DADOS – 11º DIA
Saída: Atico – Peru
Chegada: Ica – Peru
Distância percorrida: 446km
Pedágios:
Combustível: S/. 120,00
Hospedagem: S/.140,00
Refeições: S/. 42,80
Passeio: $220,00 + S/. 50,00
S/. = Soles
$ = dólares