Acordamos bem cedo para não perdermos tempo. Por volta de 8h já estávamos na estrada.


O hotel em que dormimos ficava em uma pequena cidade (ou povoado) à beira da praia, inclusive o nome era “Vista Del Mar”. O mar mesmo quase não vimos, pois a neblina não deixava. Quando estávamos saindo, pedimos para a senhora que abriu o portão da garagem o favor de jogar um saco de lixo na lixeira. A resposta da mulher foi impressionante: “jogue na praia, tem lixo em toda a parte“. Ok! Deixamos o saco dentro do carro e seguimos pela praia, e não é que havia lixo em todo o canto mesmo? E a praia fedia muito, daqueles cheiros característicos onde se mistura o cheiro da água do mar com o lixo e esgoto. Vamos embora logo!
Aliás, a sujeira das praias peruanas é de se chamar a atenção. A grande maioria é extremamente mal cuidada. Parece que ensinam ao povo que o chão é a melhor lixeira. E isso se estende a trechos do deserto também. Há lugares onde se vê muitas sacolinhas de plástico cruzando a estrada e garrafas de plástico pelos cantos. Além do odor desagradável em trechos onde descarregam caminhões de lixo.
Outro lugar que chamou a atenção por este motivo foi Calama, no Chile. Em geral, o deserto chileno e as praias pareciam cuidadas, mas na estrada, já próximo à Calama, parece que fizeram um lixão totalmente aberto ao lado da estrada. Uma cena chocante, contrastando com o que havíamos visto até então.
Bom… nosso foco era chegar até Nazca, sobrevoar as linhas e depois dormir em Ica. No caminho fizemos uma pequena parada numa prainha. Não havia como não parar. Juntaram-se o sol… a praia ali, nem 50 metros ao lado da estrada… aquela areia clarinha… deserto… e a ondas do mar nos chamando… chuááá… chuááá… OK! Paramos, botamos o chinelo e corremos pra praia. É claro que só deu pra molhar os pés, mas já foi alguma coisa! Eta água gelada! Mas estava muito boa. Se tivéssemos tempo e o lugar fosse mais seguro, com certeza seria banho de corpo inteiro.
Muito bem, pés lavados, seguimos até Nazca. Ao chegar na cidade, a primeira coisa que nos chamou a atenção foi a quantidade de lava-rápidos e mecânicas de fundo de quintal. Percebia-se que alguns moradores abriam a garagem de casa e colocavam uma placa “LAVADERO” e pronto, já estavam ganhando um dinheirinho. Muitas pickups e carros off-road nessa região. No centro, muitos mototáxis, mas não daqueles que conhecemos bem no Brasil, mas sim daquelas motos “fechadas”, com duas rodas atrás e lugar para o motorista e mais dois (chegamos a ver até cinco em cima de uma! Além da carenagem e vidros do próprio veículo).
E as buzinas? Pense naquele trânsito que citamos em Arequipa e some esses mototáxis. Bi, bi, bi, biiiiii… afe. Estamos chegando em um cruzamento. A preferencial não é nossa. Uma fila de carros e mototáxis cruzando em nossa frente (na preferencial). Nós vamos dando aquela apertadinha pra ver se alguém dá uma brechinha. De repente o que ouvimos? O motorista de trás buzinando, é claro! O que ele faz? Acelera de uma vez pelo nosso lado e enfia o carro na pista fazendo todos pararem. Pronto, agora nós andamos, mas fazer isso nós não fazemos! Coisa de louco! rsrs…
Desculpem-nos os peruanos, mas a cidade de Nazca é feia e mal cuidada. Muitas lojinhas e serviços mantém-se fechados atrás de grades. Para nossa surpresa, a própria prefeitura diz para os turistas tomarem cuidado ao comprar pacotes de visitas aéreas às linhas pois podem ser assaltados. Então seguimos os conselhos e fomos direto ao aeroporto. Lá contratamos um voo direto com a empresa. Dica: se você for fazer esse sobrevoo, leve dólares para pagar. Eles jogam uma taxa de cambio lá no alto, quase duplicando o valor do passeio.
O avião é daqueles teco-teco, com 4 lugares, além do piloto e co-piloto. Conosco também foi um casal de italianos. Mulheres atrás, homens na frente. Cintos bem presos, pois o avião dá muitas voltas quase a 90º e vambora! Parecia um fuscão voador, mas foi legal. Uma a uma fomos sobrevoando as linhas de Nazca. Um passeio muito legal, mas que pode causar alguns enjoos devidos às diversas curvas e viradas do avião. Algumas linhas são facilmente vistas, outras nem tanto. O passeio dura cerca de 35 minutos no ar. No final da página, no mapa, além do trecho percorrido nas estradas, também o pode ser visto o trecho de avião (é preciso usar o zoom).





Duas das figuras de Nazca podem ser visualizadas de um mirador na beira da Estrada Panamericana. Paramos para ver e seguimos para Ica.
Assim que chegamos em Ica, notamos uma quantidade enorme de “pollerias” (pollo = frango… lê-se “pojo” e “pojerias“). Paramos na mais bonitinha na beira da estrada. Bem simples e vazia, mas, assim que nos avistou, o dono correu para ligar a sua TV LCD de 42” no Discovery Channel. Pra ganhar a clientela! Pedimos “1/4 de pollo“. É engraçado mas é assim mesmo que se vende frango assado por aqui. Eles ainda perguntam qual parte preferimos, “piernas o alas?“… É claro que pedimos o peito! rs…Vem com uma salada temperada com limão, maionese e alguma coisa inidentificável, mais “papas fritas“. E, é claro, que uma Inca Kola pra acompanhar. Isso tudo (e a comida estava ótima) por apenas S./13,00 (cerca de R$11,00).
É impressionante como o trânsito consegue, cada vez mais, nos impressionar. O trânsito de Ica é formado por cerca de 50% de mototáxis (daqueles fechados que citei acima) e uns 30% de táxis (uns carros bem pequenos, pra enfiar em qualquer lugar). É uma loucura! Cruzamento movimentado. Semáforos abertos para os pedestres. Os segundos contando (a maioria dos sinais demonstra o tempo que falta pra abrir e fechar). Assim que a luz verde acende, é uma correria de mototaxistas e taxistas cruzando a pista de todos os lados. Não dá pra entender como ninguém bate em ninguém! O interessante é que os mototaxistas pareciam ter receio do nosso carro, por ser bem diferente dos demais. Era dar seta para o lado e já paravam para nos deixar passar. Diferentemente dos taxistas, que continuavam enfiando o carro (pequenos do jeito que são) em tudo quanto é canto. Como dissemos antes: uma loucura geral, e uma ótima terapia para aqueles estressadinhos do trânsito de São Paulo.
Conseguimos um hotel bem longe do centro. Amanhã pretendemos visitar alguma bodega de vinho e pisco pela manhã e seguir para Lima à tarde.

A rota de hoje:
DADOS – 11º DIA
Saída: Atico – Peru
Chegada: Ica – Peru
Distância percorrida: 446km
Pedágios: –
Combustível: S/. 120,00
Hospedagem: S/.140,00
Refeições: S/. 42,80
Passeio: $220,00 + S/. 50,00
S/. = Soles
$ = dólares