O causo do susto no parque

Parque Sampione

Esse causo aconteceu na Itália, em novembro de 2017. Havia acabado de chegar em Milão e saí para fazer a primeira caminhada. Fui conhecer o Castelo Sforzesco e o Parque Sampione. Era por volta de 16h40, mas já começava a escurecer (17h30 já pareciam 21h no Brasil).

Chegando no parque vi de longe esse arco que está na foto. Saquei a câmera da bolsa, tirei algumas fotos e pensei: “vou lá ver de perto!”. Peguei um caminho no parque, ainda com a câmera na mão, quando percebo à frente um banco desses de praça com três caras sentados, todos de blusa com capuz e as mãos nos bolsos. De início achei normal, afinal, estava frio pra danar e segui caminhando. Quando cheguei perto percebi que eles estavam juntos, mas todos calados… Hummm, estranho!

Mais a frente outro banco com outros três caras vestidos parecidos e também quietos. Sinal de alerta acesso. Quando pensei em dar meia volta, percebo já perto de mim que outro cara do outro lado do caminho que estava de costas e parecia estar mexendo num celular, na verdade não tinha nada nas mãos e começou a me olhar de canto de olho. Xiiiii…

E agora? Dou meia volta? Corro? Finjo ser o superman e encaro? Não dava mais tempo para decidir e apenas continuei andando. Nisso um dos caras que estava sentado olhou direto pra mim, levantou com as duas mãos ainda nos bolsos da blusa como se estivesse carregando algo e começou a andar na minha direção. Pronto, pensei: “A câmera eu já perdi, agora é negociar pra não levarem os documentos e o celular”.

O cara chegou perto de mim e começou a falar algo em italiano. Óbvio que não entendi bulhufas, respondi em português um “não entendi”, olhando nos olhos dele, mas ainda andando. Ele tornou a falar em italiano, e, apesar de eu não falar nada nessa língua, minha mente entendeu um “é isso mesmo”… “Ai, caramba, é isso mesmo, ele vai me roubar”, pensei. Continuei andando e soltei outro “não entendi”, quando ele começou a tirar a mão do bolso… o coração já disparou e eu não sabia como reagir, a não ser continuar andando e fazendo cara de quem tem tudo sob controle.

Ele apertou o passo pra chegar mais perto e soltou um “Marijuana?”, mostrando um saquinho… Ahhhhhhhh, não creio! Putzgrila… Comecei a rir… na verdade gargalhei mesmo. Eu achando que a viagem duraria menos de um dia e o cara vem me oferecer maconha?!? Ele não entendeu nada, ficou com cara de “que turista louco”. Respondi um “no, thanks” e segui, quando um dos caras do outro banco começou a vir na minha direção. Antes do tráfico descambar pra outra coisa, saí do caminho, entrei no gramado fingindo estar procurando algum lugar e fui para outro lado.

Que susto! Depois percebi outros grupinhos desse tipo. Fiquei com a impressão de serem “inofensivos”, mesmo porque havia carros de polícia por perto, mas foi pra deixar com um pé atrás.